Acórdão nº 679/14.6GCBRG-B.G1 de Tribunal da Relação de Guimarães, 12 de Julho de 2016

Magistrado ResponsávelJO
Data da Resolução12 de Julho de 2016
EmissorTribunal da Relação de Guimarães

Acordam, em conferência, na secção penal do Tribunal da Relação de Guimarães, 1. Nos autos de processo comum nº 679/14.6GCBRG, o Exmo juiz da Secção Criminal da Instância Local de Braga proferiu despacho com o seguindo teor (transcrição): “Compulsados os autos, verifico que o Digno Magistrado do Ministério Público titular do processo de inquérito declarou o mesmo encerrado, proferiu despacho de arquivamento quanto ao crime de dano simples, previsto e punido pelo artigo 212.°, n.° 1, do Código Penal, relativamente ao dia 5 de dezembro de 2014, entre as 05.00 e as 05.30 horas, e deduziu acusação contra o arguido NELSON M., relativamente a factos ocorridos no dia 5 de dezembro de 2014, imputando-lhe a prática, em concurso efetivo, de: a) Um crime de ofensa à integridade física simples, previsto e punido pelo artigo 143.°, n.° 1, do Código Penal; b) Um crime de ameaça, previsto e punido pelo artigo 153.°, n.° 1, do Código Penal; c) Um crime de furto simples, previsto e punido pelo artigo 203.°, n.° 1, do Código Penal; d) e um crime de violação de domicílio, previsto e punido pelo artigo 190.°, n.°s 1 e 3, do Código Penal. - Em sede de despacho de encerramento do inquérito e de acusação não foi apreciada a queixa crime apresentada por MÓNICA A. contra NELSON M. e que deu origem ao processo de inquérito n.° 937/14.OI9BRG, o qual foi entretanto apensados aos presentes autos, conforme resulta de fls. 71 e 71.

*Ora, na queixa crime apresentada, MÕNICA A. imputa ao arguido um ilícito de natureza semipública, previsto e punido pelo artigo 190.° do Código Penal e ocorrido no dia 10 de setembro de 2014.

Sendo um crime de natureza semipública (cfr. o artigo 198.° do Código Penal), cabia ao Ministério Público deduzir acusação, nos termos do disposto nos artigos 48.° e seguintes do Código de Processo Penal, ou proferir despacho de arquivamento nos termos legais.

Ao nada fazer quanto a um crime de natureza semipública, procedimento pelo qual tem exclusiva competência para acusar ou arquivar, o Ministério Público está a violar o dever imposto pelo seu Estatuto (cfr. os artigos 219.°, n.° 1, da Constituição da República Portuguesa, e o artigo 1.° do Estatuto do Ministério Público), de exercer a ação penal orientada pelo princípio da legalidade, promovendo o procedimento criminal com a dedução da acusação com observância do respetivo e adequado processo (cfr. os artigos 48.° e 53.°, n.° 2, alínea c), ambos do Código de Processo Penal).

Consequentemente, o Ministério Público, ao não deduzir acusação por crime público ou semipúblico devendo fazê-lo, bem como ao não pronunciar-se sobre crime de natureza semipública relativamente ao qual foi apresentada queixa, violou o dever de promover a ação penal imposto pelos normativos citados, o que...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT