Acórdão nº 1444/10.5GBGMR.G1 de Tribunal da Relação de Guimarães, 12 de Março de 2012

Magistrado ResponsávelLU
Data da Resolução12 de Março de 2012
EmissorTribunal da Relação de Guimarães

Acordam, em conferência, os juízes na Secção Criminal do Tribunal da Relação de Guimarães: I – RELATÓRIO Nos autos n.º1444/10.5GBGMR, finda a fase de inquérito, o Ministério Público deduziu acusação contra o arguido Tiago F..., nos seguintes termos [transcrição]: “No dia 09.02.2010, pelas 19:45, na Rua M, Selho, nesta comarca, o arguido, de forma voluntária, detinha e conservava consigo com o peso bruto de =8= gramas que continha Haxixe e = 1= grama de cannabis, facto que foi constado por uma patrulha de Guarda Nacional Republicana local constituída pelos agentes André C... e Fábio X..., abaixo identificados.

Na verdade, no dia, hora e local já referidos, aqueles agentes abordaram o Tiago F... por suspeitarem ser este possuidor de qualquer produto estupefaciente, uma vez que estava referenciado como tal.

Sabia o arguido das características e natureza estupefaciente do produto que possuía ou detinha e que destinava a seu exclusivo consumo pessoal.

Agiu deliberadamente, com intenção de consumir o produto cuja natureza e características não ignorava, bem sabendo que a sua conservação não autorizada lhe estava pessoalmente vedada.

Agiu ainda livre e lucidamente, com a perfeita consciência de que a sua conduta era proibida e punida por lei.

*Constituiu-se assim na autoria material de um crime de consumo de substancias estupefacientes p. e p. no art° 40° n° 1 do D.L. n° 15/93 de 22.Janeiro.” Distribuídos os autos ao 2ºJuizo Criminal do Tribunal Judicial de Guimarães, por despacho judicial de 6/9/2011, a acusação foi rejeitada por ser considerada manifestamente infundada, ao abrigo do disposto no art. 311.º, n.ºs 2, al. a) e 3, al. d) do C.P.Penal.

Inconformado com a decisão, o Ministério Público recorreu da decisão, extraindo da respectiva motivação as seguintes conclusões: 1 - A Mma. Juiz do 2.° Juizo Criminal do Tribunal Judicial de Guimarães proferiu despacho rejeitando a acusação deduzida pelo Ministério Público contra o arguido Tiago F..., pela prática de um crime de consumo de estupefacientes, p. e. p. pelo artigo 40.º, n.º 1, do Decreto lei n.° 15/93, de 22 de Janeiro, por considerar que os factos nela descritos não consubstanciavam a prática de qualquer crime, pelo que a acusação era manifestamente infundada, nos termos do disposto no artigo 311.°, n.º 2 al. a), e n.º 3 aI. d), do Código de Processo Penal; 2 - Todavia, entende o Ministério Público que os factos constantes da acusação, são suficientes para que tal crime seja verificado e que, a dar-se como provados, levarão inevitavelmente à condenação do arguido; 3- De facto, da análise dos factos descritos na acusação deduzida pelo Ministério Público resultam preenchidos todos os elementos objectivos e subjectivos do tipo do crime de consumo de substancias estupefacientes; 4 -Tendo a rejeição da acusação fundamento no facto de, não existir exame do LPC da Policia Judiciária, em que conste o principio activo em causa da substância apreendida, constatando-se que tal rejeição não tem fundamento, conforme resulta do disposto no artigo 311.° do Código de Processo Penal, que limita a possibilidade de rejeição da acusação às situações nele previstas; 5 - Assim, considerando que factos descritos na acusação como consubstanciadores da prática de um tipo de ilícito, ainda que se entenda que falta um meio de prova para alicerçar tal acusação, a Mma. Juiz deveria ter recebido a acusação e, se assim o entendesse, aquando da realização do julgamento, ao abrigo do disposto no artigo 340.°, n.º 1 do Código de...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT