Acórdão nº 6370/2007-7 de Court of Appeal of Lisbon (Portugal), 18 de Setembro de 2007

Magistrado ResponsávelORLANDO DO NASCIMENTO
Data da Resolução18 de Setembro de 2007
EmissorCourt of Appeal of Lisbon (Portugal)

Acordam no Tribunal da Relação de Lisboa.

1. RELATÓRIO Caixa Leasing e Factoring - Instituição Financeira de Crédito requereu contra, C. [...] Ld.ª procedimento cautelar de entrega de bem locado e cancelamento de registo, o qual foi decretado por despacho de 08/03/2006.

Apesar das diligências desenvolvidas o Tribunal não conseguiu localizar o bem e, consequentemente, executar a sua decisão cautelar.

Entretanto, em 20/06/2006, foi proferida sentença na acção declarativa principal, julgando-a procedente, a qual transitou em julgado.

Uma vez apensos os autos de procedimento cautelar ao processo principal, em 13/04/2007 foi neles proferido o seguinte despacho: "Atento o trânsito em julgado da decisão final proferida nos autos principais, remeta os autos à conta, nada mais havendo a decidir".

Inconformada com essa decisão, a requerente dela interpôs recurso, recebido como agravo, pedindo a revogação da decisão recorrida e a substituição por outra que ordene o prosseguimento dos autos de providência cautelar, com vista à entrega dos bens locados, formulando as seguintes conclusões: 1.ª Do disposto no artigo 21° n.ºs 1, 4, 6 e 7 do DL 149/95, de 24 de Junho e da própria leitura da epígrafe deste artigo, resulta claro que a providência cautelar de entrega judicial de bem locado e cancelamento de registo tem como objecto e finalidade a entrega judicial e/ou o cancelamento do registo do bem locado no âmbito do contrato de locação financeira então celebrado, com carácter de urgência.

  1. Assim, ao utilizar a terminologia "entrega imediata" e "o tribunal ordenará", o legislador fê-lo consciente da necessidade de criar um mecanismo expedito o suficiente que conferisse ao locador _ proprietário do bem - uma forma rápida e eficaz de reclamar a entrega imediata do bem para o recolocar no mercado, evitando dessa forma, não só a degradação e desvalorização inerentes ao uso e decurso do tempo, como até situações de imobilidade comercial.

  2. Daí que, tendo "in casu" a providência cautelar sido decretada, por se verificar provada a probabilidade séria da verificação dos requisitos enunciados no n.º 1 do artigo 21.º do citado diploma legal, o Mto. Juiz do Tribunal "a quo" tenha, efectivamente, ordenado a entrega imediata do bem locado.

  3. Ora, salvo melhor opinião, não faz sentido ordenar a entrega imediata dos bens locados em sede do procedimento cautelar, tal como o Tribunal "a quo" o fez, para, posteriormente, após a prolação da sentença no âmbito da respectiva acção declarativa, e sendo certo que os bens locados ainda não foram recuperados, vir o Tribunal extinguir a instância, remetendo os autos à conta e referindo que nada mais há a decidir, retirando, obviamente, o efeito útil à providência cautelar em questão e, remetendo, obrigatoriamente, a Requerente para a acção executiva.

  4. É necessário não esquecer que a acção executiva, por um lado, não tem carácter urgente, e, por outro lado, comporta, ou pode comportar embargos à execução nos termos previstos no artigo 928.º do C.P.C., que estabelece que o executado é citado para, no prazo de 20 dias, fazer a entrega ou opor-se à execução.

  5. Assim, a ora Agravante entende que, se fosse necessário recorrer à acção executiva no caso em apreço, a providência cautelar no âmbito da locação financeira, que é uma providência regulada em legislação especial, ficaria com a sua...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT