Acórdão nº 10142/2006-2 de Court of Appeal of Lisbon (Portugal), 18 de Janeiro de 2006

Magistrado ResponsávelFRANCISCO MAGUEIJO
Data da Resolução18 de Janeiro de 2006
EmissorCourt of Appeal of Lisbon (Portugal)

10 Acordam os juízes do Tribunal da Relação de Lisboa O recorrente intentou acção declarativa pedindo aí a condenação do R a pagar-lhe quantia de que se declarou credor, por incumprimento contratual daquele.

O sr juiz «a quo», declarou o seu Tribunal incompetente, em razão do território, para tramitar a acção, pelo que determinou a sua remessa ao tido como competente, no caso o judicial do Funchal.

Não se conformando, o A recorreu desta decisão, tendo alegado e concluído, assim: 1- O despacho recorrido ao aplicar o disposto na alínea a), do n° 1 do artigo 110° do Código de Processo Civil, com a reacção que lhe foi dada pela Lei 14/2006, de 26 de Abril, à hipótese dos autos, atento o que consta do contrato aos mesmos junto com a petição inicial, em que as partes escolheram um foro convencional nos termos e ao abrigo do disposto no artigo 100°, n°s. 1, 2, 3 e 4 do Código de Processo Civil, violou o disposto nos artigos e 12°, n°s. 1 e 2, do Código Civil.

2- O despacho recorrido, ao interpretar e aplicar, como o fez, a alínea a) do n° 1 do artigo 110 do Código de Processo Civil, com a redacção que lhe foi dada pela dita Lei 14/2006, de 26 de Abril, à hipótese dos autos e, consequentemente, a não considerar válida e eficaz a escolha do foro convencional constante do contrato dos autos, atento a data da celebração do mesmo e o disposto no artigo 100°, n°s. 1, 2, 3 e 4, do Código de Processo Civil, do que então se dispunha no artigo 110° do mesmo normativo legal, maximé na alínea a) do respectivo n° 1, é inconstitucional .por violação dos princípios da adequação, da exigibilidade e da proporcionalidade, e da não retroactividade consignados no artigo 18°, n°s. 2 e 3, da Constituição da República Portuguesa, e, também ainda, por violação dos princípios da segurança jurídica e da confiança, corolários ambos do principio de um Estado de Direito Democrático consagrado no artigo 2° da Constituição da Republica Portuguesa.

3- Impõe-se, pois, como se requer, procedência do presente recurso, a revogação do despacho recorrido, e a sua substituição por outro que reconheça a competência territorial do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa para conhecer dos autos onde o mesmo foi proferido, desta forma se fazendo JUSTIÇA O sr juiz, em despacho ulterior, sustentou e manteve a decisão agravada.

Questões Visto o teor das conclusões do recurso importa apreciar e decidir se a consideração do Tribunal «a quo» como territorialmente incompetente, em desconformidade com a convenção de escolha do foro pelas partes, é ilegal e, mais do que isso, é inconstitucional o normativo em que tal decisão se fundou.

Os factos pertinentes 1- A A intentou, no dia 22.6.2006, a presente acção declarativa sob a forma de processo especial para cumprimento de obrigações pecuniárias emergentes de contratos, nos termos do Decreto-Lei n.° 269/98, de 1/IX, tendo em vista a condenação do R no pagamento de quantia devida, por incumprimento de contrato.

2- Consta do contrato junto aos autos, datado de 19.2.2004, cláusula de competência territorial, segundo a qual seria competente o Tribunal Cível de Lisboa, sendo que foi com base nessa mesma cláusula que a A optou pela apresentação da presente acção à distribuição nos Juízos Cíveis de Lisboa.

3- O R reside na área do Tribunal Judicial do Funchal.

O Direito Antes da vigência da L 14/06 de 26.4, que alterou o nº 1 do art 74 do CPC, este normativo previa que a acção aí considerada poderia ser proposta, à escolha do credor, no tribunal do lugar em que a obrigação devia ser cumprida ou no tribunal do domicílio do réu.

De acordo com a nova redacção, no que ora importa, tal acção é proposta no domicílio do réu.

Por sua vez, antes da mesma Lei e por força do art 110 nº 1 a) do CPC, o tribunal conhecia oficiosamente da incompetência relativa, entre outros casos, nas causas a que se refere o art 74 nº 2 do CPC.

Depois da nova Lei o conhecimento oficioso passou a ter lugar também nas causas a que se refere a primeira parte do nº 1 do art 74.

Quer dizer, casos como o «sub judice», passaram a ser vistos pela lei processual como um daqueles em que o Tribunal conhece oficiosamente da sua competência relativa.

Por outro lado, teve como...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT